21º Assembleia Anual da ABENB

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Orador Oficial da 21º Assembleia anual da ABENB Pr. Messias Santos Silva

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Diretoria da ABENB 2013/2014 e seus departamentos

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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O Holocausto do século 16




O Holocausto do século 16


Um dos maiores massacres da História, A Noite de São Bartolomeu vitimou 100 mil protestantes e teve reflexos sobre a evangelização do Brasil
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Com o advento do Cristianismo, o mundo - mais precisamente, o velho continente europeu - passou por muitas crises de ordem política e social, mas nada se compara ao conflito protagonizado por católicos e protestantes na França, no século 16, em decorrência de divergências entre a nobreza, o clero e a burguesia, agra­vadas pelo crescimento das correntes protestantes. Seguidores remanescentes de Martinho Lutero (1483-1546), que para contestar os abusos eclesiásticos' fixou suas idéias de renovação na porta de uma igreja na Alemanha, iniciando assim a Reforma protestante; e de João Calvino (1509-1564), que fundou a Igreja Reformada e inseriu uma nova maneira de pensar a relação de Deus com a humanidade, foram os persona­gens de uma revolução religiosa que abalou as estruturas da Igreja Católica. Apesar de divergir do luteranismo em alguns aspectos, o calvinismo teve grande influência para o fortalecimento do pensamento reformista.
Antes da Reforma protestante, o catolicismo - imposto pela força coer­citiva - era a religião oficial da Europa. E como autoridade máxima da Igreja Católica, as decisões do papa tinham tanto valor quanto as Escrituras Sagra­das. Contudo, uma série de práticas que não condiziam com a atitude dos cha­mados "representantes de Deus", como a riqueza material do alto clero, o uso indevido do dinheiro das ofertas e a prá­tica da simonia - comércio de materiais sagrados e venda de cargos eclesiásti­cos '- estava levando o povo à miséria e revoltando as camadas mais baixas da população. Esse descontentamento foi um dos motivos do surgimento de pensamentos reformistas baseados, principalmente, na doutrina de salvação somente pela fé e não pelas práticas cristãs. Por sua vez, o catolicismo en­sinava que para alcançar a salvação era necessária a fé e a realização de boas obras estabelecidas pela igreja. Além do mais, os reformistas também julga­vam inúteis o trabalho exercido pelos mediadores entre Deus e os fiéis.
Enock da Silva Pessoa, professor do departamento de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Acre, destaca a importância da ação promovida pelos reformistas: '11m grande número de intelectuais defende a Reforma protestante do século 16 como um marco histórico relevante na luta pelas liberdades democráticas, individuais e coletivas, e o luteranismo alcançou os objetivos de libertação social, política e religiosa, diminuindo a dominação política da Igreja sobre o Estado", aponta.
Abusos - Os abusos do clero descon­tentavam também o rei da Inglaterra, Henrique VIII, que rompeu definitiva­mente as relações com o papa Clemente VII e promoveu a Reforma protestante em seu país. Assim, surgiu a Igreja An­glicana, da qual o monarca tomou-se chefe supremo, exigindo obediência dos súditos sob a pena de morte. Ainda, em solo inglês, fincaram-se os alicerces da Igreja Presbiteriana, também em de­corrência de questões político-sociais.
Diante desse quadro, a Igreja Católica viu-se obrigada a tomar providências para manter a ordem e restabelecer seu poder nos principais centros europeus. Se a Reforma teve maior adesão em países com a Alemanha e a Inglaterra, na França - onde o absolutismo era mais radical - a entrada dos reformistas não foi nem um pouco pacífica, o que agravou ainda mais a crise entre as oposições religiosas. Em decorrência desse conflito, surgiram dois partidos políticos, cada um com interesses próprios: do lado dos católicos, o Papista; e, em favor dos protestantes, o Huguenote, expressão depreciativa atribuída pelos católicos franceses. Seguidores de João Calvino - um segmento formado por artesãos, comerciantes e nobres -, eles viviam no oeste e sudoeste francês sob constante ameaça, empenhados em disputas religiosas que se alastraram por várias cidades e culminou na madrugada de 24 de agosto de 1572, quando milhares de calvinistas foram massacrados, num dos episódios mais sangrentos que a História registra. Pegos de surpresa com ataques planejados pela família real e mediante o beneplácito da Igreja Católica, os huguenotes nada puderam fazer além de sucumbir sob as lanças e espadas do exército francês.
Do alto das torres sinos repicavam, nas ruas formavam-se procissões ale­gradas por cânticos de louvor em agradecimento a Deus pelos exterminio dos "hereges" e pela liquidação dos "mal­ditos". Em Roma, os SIDOS também soaram, denotando o contentamento do papa pela vitória dos católicos e da Coroa francesa sobre a corrente protestante, vista como uma peste que colocava em risco a liderança exercida pelo conclave. Até uma moeda come­morativa foi cunhada, além do pontífice encarregar o artista Giorgio Vasari da pintura de um mural celebrando o ocor­rido. Por ter oconi.do em 24 de agosto, dia dedicado ao santo católico Bartolo­meu, o episódio ficou conhecido como Noite de São Bartolomeu.

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